segunda-feira, 31 de maio de 2010

Terra volta a tremer na Bahia



A terra voltou a tremer no município de Mutuípe, na noite deste domingo, a 241 km de Salvador, no interior da Bahia. De acordo com moradores da cidade, esse foi o mais forte dos cinco tremores percebidos, desde o início do ano no local.
Segundo o locutor de uma rádio, Fabrício Lopes, a terra tremeu e, em seguida, ele ouviu um estrondo. Moradores contam que a sensação é de uma explosão acontecendo embaixo da terra.

Na zona rural do município, moradores disseram que as portas de algumas casas abriram sozinhas com o tremor. A população está temerosa com a frequência do fenômeno e pela falta de explicações para o que está acontecendo.

Apesar da frequência, não há registro formal dos tremores em laboratórios sismológicos. Na ocorrência de quarta, funcionários do laboratório da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) afirmaram que o tremor não foi registrado pelos equipamentos, apesar de terem sido informados da ocorrência.

http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4459873-EI8139,00.html

domingo, 30 de maio de 2010

Igreja evangélica pode estar com parte do maior roubo a banco



O Ministério Público está investigando os bispos Edir Macedo e Romualdo Panceiro, “astros reis” da Igreja Universal do Reino de Deus, a mais poderosa seita evangélica do planeta, por suspeita de receber R$ 200 mil procedentes do roubo de R$164 Milhões ao Banco Central de Fortaleza, no Ceará, em agosto de 2005.

Apesar de a Igreja Universal negar mais essa denúncia, segundo as investigações, há indícios de que o dinheiro seja parte dos R$ 164 milhões roubados do BC, dos quais a Polícia Federal conseguiu recuperar apenas R$ 12 milhões e indiciou 96 pessoas pelo assalto.

Há informações de que só na Justiça de São Paulo a Igreja Universal do Reino de Deus responde a 64 processos. Entre os indiciados está um homem preso por estelionato e lavagem de dinheiro e que é investigado pela suspeita de ser o doador ilegal à Igreja Universal do Reino de Deus.

A denúncia foi feita ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) por um ex-fiel da Igreja Universal, o lavador de carros Edilson Cesário Vieira, que afirmou ter presenciado a entrega do dinheiro em dezembro de 2006.

A doação, segundo a denúncia, teria ocorrido em uma sala de reuniões do templo central da Igreja Universal do Reino de Deus, na Avenida João Dias, no bairro de Santo Amaro, na Zona Sul da cidade de São Paulo, no Brasil.

Segundo Edilson Vieira, um homem de nome Alexandre, frequentador da igreja, procurou o bispo Edir Macedo, em uma segunda-feira, à noite, para entregar-lhe R$ 200 mil adquirido de “um roubo ao Banco do Brasil”, porque queria “se redimir pelo crime”.

O denunciante disse ainda que “O bispo Romualdo mandou um carro blindado pegar o dinheiro na casa do Alexandre, em Ermelino Matarazzo. Duas horas depois, chegaram com duas pastas pretas. O Alexandre jogou o dinheiro na mesa, ainda com lacre”.

Edilson Vieira disse que fez a denúncia por ter sido usado pelos líderes da igreja como “laranja” em lavagens de dinheiro, adquirindo uma dívida de R$ 380 milhões em nome da Universal.

“O Edir Macedo mandou o Alexandre se ajoelhar e rezar, gritando que todos deviam fazer como ele”, revelou o ex-fiel da Igreja Universal Edilson Vieira. “Dinheiro a gente recebe, não importa de onde vem”, teria enfatizado Edir Macedo, segundo o denunciante relatou ao Gaeco.

Apesar de dizer que foi amigo dos bispos e frequentador da igreja entre 1997 e 2006, o lavador afirma desconhecer o destino dado à quantia, mas disse ter ouvido o bispo Edir Macedo referir-se a “uma remessa grande de dinheiro ao exterior”.

ANTONIO CARLOS LACERDA

PRAVDA Ru BRASIL
http://port.pravda.ru/mundo/30-05-2010/29721-iurd-0

sábado, 29 de maio de 2010

Objeto Voador Não Identificado surgiu no céu da Chapada dos Guimarães





Redação site TVCA com assessoria

Dia 26 de maio, das 17h25m (primeiro registro fotográfico) até as 19h56m, uma estranha luz, em formato de disco horizontal, com reflexos espelhados, surgiu próximo ao Terminal Turístico da Salgadeira. O fenômeno atraiu grande número de curiosos, em sua maioria amantes da ufologia presentes na região de Chapada dos Guimarães. Segundo uma das integrantes da diretoria da Aderco - Associação de Defesa do Rio Coxipó, Valdirene Costa, a luz emitia fachos contínuos, fortes.

"Quem viu e fotografou primeiro foi a cantora Jully (Maria Generosa da S. Hobsbach), hóspede na Salgadeira. Ela diz ter ficado estática quando percebeu que aquela luz parecia se movimentar meio de lado, imobilizando-se por minutos seguidos. Não descia nem subia; ficava lá, parada. Como se observasse o entorno dos paredões. Ou o que acontece nas proximidades".

Valdirene ainda acrescenta que, durante os anos de trabalho ecológico na região da Salgadeira, já assistiu fenômenos parecidos, mas evita mencioná-los por temer que ninguém acredite. "Já vi outras luzes, e até uma espécie de tocha de fogo sibilante, voadora. Algo bem esquisito, como se fosse uma vassoura aérea. Varria as extremidades dos paredões e sumia mata adentro. Muitos viram essa tocha".

Também José Carlos Bazan ("Pardal'), gerente administrativo do terminal, testemunhou a aparição do suposto Objeto Voador Não Identificado (OVNI). "Se era, não sei. Mas que estava lá, estava. Irradiava uma claridade anormal, ofuscante, metálica. Não era avião, posso assegurar. Observei o Sol, se encontrava do lado oposto, no sentido de Cuiabá. E nem lua havia, pra não dizerem que podia ser isso. Ela (a lua) só surgiu mais tarde, em outro ponto. Enquanto a luz ainda continuou por lá, até desaparecer por completo".

O menino Pedro Vithor da Costa, oito anos, afirma também ter testemunhado o gracioso balé dessa luz, quase imperceptível, que ondulava lateralmente - descreve - após alguns minutos estática nas proximidades do paredão. "Não fiquei com medo. Era uma luz até bonita. Mas ela se movimentava às vezes, dava pra perceber. Só sumiu mais tarde, à noite. Muita gente acampada por aqui viu e a fotografou. Alguns até filmaram".


Especialistas tentam explicar óvni avistado em ChapadaObjeto foi fotografado por pessoas que passavam pela Salgadeira. Marcy Monteiro Neto, da redação do site TVCA

Lua, vênus, difração na luz, fraude. Muitas hipóteses, mas nenhum consenso sobre o objeto voador não-identificado (óvni) fotografado esta semana na região da Salgadeira, em Chapada dos Guimarães. As fotos foram feitas na quinta-feira e publicadas no site da TV Centro América. O site TVCA procurou especialistas para tentar explicar o estranho fenômeno que provocou muitos comentários sobre a luz que pairava sobre o paredão de Chapada.
A doutora em astronomia Telma Couto da Silva, da UFMT, levantou a possibilidade da foto ser resultado de um fenômeno chamado difração. "Muitas vezes aparecem figuras de difração em fotos de objetos brilhantes, tais como estrelas", explica a doutora. O fenômeno poderia ter ocorrido, por exemplo, ao fotografar o planeta Vênus, que têm aparecido brilhando com muita intensidade nos últimos dias. No entanto, Vênus está visível no oeste, ao pôr-do-sol. A foto do óvni em Chapada foi tirada na direção oposta - leste. "Em regiões com pouca luz, Vênus está lindo, logo após o Sol se por. O horário da foto coincide com o horário que Vênus está visível no céu nesta época, mas Vênus está próximo ao lado cardeal oeste. Se a foto foi tirada do leste, Vênus está descartada”.

Telma Couto diz haver inconsistência no depoimento de uma testemunha, que afirma que o Sol estava em um ponto do céu (poente) e a Lua ainda não havia surgido. "A Lua estava na fase final de crescente e entrou em sua fase cheia ontem, dia 27 de maio. Portanto, Lua e Sol estavam quase em oposição. O Sol se ponto a oeste e a Lua nascendo do lado leste", observou.

Fenômeno ufológico

O psicólogo Ataíde Ferreira da Silva Neto é um pesquisador do assunto e afirma já ter presenciado coisas estranhas nos céus de Mato Grosso. Ele argumenta que os testemunhos desta semana somam-se a outros inúmeros casos de avistamentos na região. "A foto mostra realmente ser um objeto que foge a explicações simplistas como avião, pássaro, satélite ou algo do gênero. E aparentemente o objeto é de proporções grandes para ser confundida com o planeta Vênus. Até o momento trata-se de mais um objeto voador não-identificado", diz Ataíde, que é presidente da Associação Mato-grossense de Pesquisas Ufológicas e Psíquicas.

Ataíde Ferreira ressalta que, apesar do fenômeno UFO ser um fato, ainda assim há muitas fraudes em fotografias ufológicas. "Todavia, quando o fenômeno é registrado não apenas com fotos, mas especialmente observado por inúmeras testemunhas, passa a ser mais difícil ser contestado. Este é o caso destas fotos em Chapada".

O astrônomo amador Eduardo Baldaci também levantou a possibilidade da luz ter sido meramente um fenômeno físico. "Pode ser a foto da Lua com uma refração da câmera. Porém, não se trata de um meteoro, pois me parece que ele ficou bastante tempo no céu", frisou Baldaci, levando em consideração as fotos tiradas no fim da tarde e também à noite. A explicação de Baldaci esbarra justamente nas testemunhas do fenômeno, que garantem que a Lua estava em outro ponto no momento do avistamento.

Entramos em contato também com o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), em Curitiba (PR), que monitora o espaço aéreo brasileiro. Funcionários do departamento de Comunicação informaram a reportagem da TVCA que não houve nenhum registro de aeronave ou qualquer outro objeto estranho sobrevoando Mato Grosso no dia do avistamento em Chapada. O Cindacta, entretanto, disse que encaminhará as fotos para estudiosos no assunto.


Autor: Marcy Monteiro Neto, da redação do site TVCA

http://rmtonline.globo.com/noticias.asp?n=492492&p=2
http://rmtonline.globo.com/noticias.asp?n=492353&p=2&Tipo=

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Homem passa 18 meses vivendo sem dinheiro


Um economista britânico que passou os últimos 18 meses vivendo sem dinheiro está lançando um livro em junho contando a sua experiência (The Moneyless Man, ou O Homem Sem Dinheiro, em tradução livre) e diz que nunca foi tão feliz ou tão saudável.
Mark Boyle começou seu experimento em novembro de 2008, aos 29 anos, com o objetivo de chamar a atenção para o excesso de consumo e desperdício na sociedade ocidental.
Na ocasião, ele se mudou para um trailer que ganhou de graça no site de trocas britânico Freecycle e passou a trabalhar três dias por semana em uma fazenda local em troca de um lugar para estacionar o trailer e um pedaço de terra para plantio de subsistência.
Dezoito meses depois ele afirma que não pensa em voltar a usar dinheiro e que, com o que ganhar com a venda do livro, pretende comprar um pedaço de terra para montar uma comunidade em que outras pessoas que queiram viver sem dinheiro, como ele, possam morar.
"Foi o ano mais feliz da minha vida", disse Boyle, 12 meses depois de começar a experiência, "e não vejo nenhum motivo para voltar a um mundo orientado pelo dinheiro".
"Foi libertador. Há desafios, mas não tenho o estresse de uma conta bancária, contas, engarrafamentos e longas horas em um trabalho do qual que não gosto."
A parte mais difícil, conta ele, foi manter uma vida social sem dinheiro, mas ainda assim ele classifica o ano como tendo sido "fantástico".

Boyle continua a viver no trailer em Timsbury, no sudoeste da Inglaterra, onde cozinha em um fogão de lata movido a lenha e colhe comida nas florestas, além de plantar alguns legumes para seu próprio consumo.
Ele também construiu um banheiro séptico - uma fossa - do lado de fora do trailer, onde um biombo de madeira garante sua privacidade.
Para garantir a eletricidade, Boyle usa painéis solares. Ele também usa um chuveiro solar - um saco de água coberto de preto, que esquenta sob o sol.
Boyle tem acesso à internet de banda larga em troca de serviços em uma fazenda próxima, e criou o site Just For The Love of It ("Só por amor", em tradução livre), onde promove a troca de serviços e empréstimo de objetos e ferramentas entre seus membros, pela simples "bondade".
Sua ideia é que as pessoas passem a confiar mais umas nas outras e comecem a se ajudar e trocar favores.
Ao começar a experiência, Boyle disse acreditar que "a falta de relação que temos do que consumimos é a primeira causa da cultura de desperdício que vivemos hoje".
"Se tivéssemos que plantar nossa própria comida, não desperdiçaríamos um terço dela."
Sua mensagem, diz ele, é: "consuma um pouco menos".
"Não espero que ninguém vá ao extremo do que fiz neste ano, mas temos questões como o ponto sem retorno das mudanças climáticas chegando, e acredito que temos que levar essas coisas a sério."
"Então, use menos recursos, use menos dinheiro e um pouco mais de comunidade. Essa, provavelmente, a mensagem que eu daria."

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Projeto Poeira Inteligente


Imagine uma rede de sensores sem fio capaz de monitorar absolutamente tudo o que acontece no mundo. Pois esse projeto existe, e já está em uma fase avançada de construção. Um primeiro modelo, que servirá de teste, será implantado em até dois anos.

Cientistas da Universidade da Califórnia coordenam o recurso, que é chamado de “poeira inteligente”. O funcionamento, basicamente, deve ser o seguinte: milhares ou até milhões de sensores estariam espalhados em determinada área, ligados entre si por conexões sem-fio. Eles dariam conta, dependendo de cada caso, de tudo o que acontece de importante na área que monitoram.

Cada sensor, a princípio, teria o tamanho aproximado de uma caixa de fósforos, o que ainda não é viável para produção comercial (os pesquisadores pretendem fabricar aparelhos de até um milímetro cúbico), e é um dos fatores ainda não concluídos do projeto.

Seus principais usos, de acordo com os pesquisadores, serão a verificação do estado dos ecossistemas, rapidez na detecção de terremotos, relatórios sobre o trânsito e monitoramento do uso de energia. A idéia é que mais energia poderia ser economizada e acidentes poderiam ser prevenidos mais facilmente se houvesse um relatório em tempo real de determinados lugares.

O primeiro grande teste já está marcado: uma empresa petrolífera vai instalar um milhão destes sensores em uma área de exploração, para auxiliar na extração e medição de vibrações das rochas. As máquinas já estão prontas, e cobrirão uma área de 6 quilômetros quadrados.

Mas essa idéia tem suas limitações, como se observa em um estacionamento em San Fransisco, Califórnia. Lá, instalaram um sensor em frente a cada uma das 12 mil vagas para carros. O sensor, obviamente, não dá conta de tudo o que acontece no espaço. Apenas avisa à central que vagas estão ocupadas no momento, o que é o seu papel.

Um ponto de discussão é sobre o objetivo geral desse recurso. Alguns acham que deve haver sensores no mundo todo, observando absolutamente tudo (essa era a idéia inicial do projeto, idealizado nos anos 90) o que acontece.

Outros discordam dessa visão, porque o monitoramento poderia ser interpretado como invasão de privacidade. Eles chamam isso de “efeito Big Brother”, e dizem que não agradaria às populações e aos governos ter todos seus movimentos assistidos. Além disso, é discutida qual seria a real utilidade de se fazer isso, já que nem toda a superfície do planeta tem coisas que necessitam de monitoramento. Essa idéia defende que os sensores devem se limitar às áreas realmente importantes.

Parece que esse será um motivo para muitas discussões daqui a dois anos, se o projeto realmente ficar pronto.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Espiral no céu do Canadá


Pessoas viram, fotografaram e até filmaram um evento extraordinário: uma espiral criada por um OVNI. O vídeo parece bom demais para ser verdade. O autor do vídeo garante, no entanto que foi filmado por uma das suas quatro câmeras instaladas em sua casa para filmar meteoros, o outro de dentro de um avião, no entanto o “theweatherspace.com” garante que recebeu fotografias de três fotógrafos diferentes e vídeos.
Mesmo assim, a grande possibilidade de ser uma montagem.

Kevin Martin, um morador da Califórnia do Sul, disse a TheWeatherSpace.com que ele era o fraudador. Ele até deu um exemplo de vídeo sobre como ele poderia fazê-lo. Alguns dizem que não é possível. Martin não estava muito certo sobre algumas perguntas que nós fizemos.

Martin tem negado a sua declaração.

"Eu vim até a mídia para acabar com isso, mas eu menti ao dizer que eu realmente criei a farsa", disse ele. "Algo aconteceu naquela noite. Se o vídeo é fake ou não as fotos pareçam convincentes. Ter o seu nome lá fora, é divertido às vezes, mas não é mais."

Martin está retraído, dizendo que ele foi coagido a ficar quieto por um visitante desconhecido na sua residência, na terça-feira à tarde e que ele não queria mais ser incluída no avistamento de OVNI sobre o oeste do Canadá.

Steven Murray contatado TheWeatherSpace após Martin ter vindo a publico.

"Alguém veio até mim no domingo e me disse para ficar quieto sobre o assunto. Eu não posso responder muito sobre o que eu vi, mas algo mais aconteceu no Canadá, isso não pode ser negado."

Murray pediu para não ser contatado por TheWeatherSpace.com sobre o assunto, a fim de protegê-lo e a sua família.

O que seja que ocorreu no Oeste do Canadá, na noite de 21 maio de 2010, nunca poderá ser resolvido, porém a verdade está lá fora.

Video: http://www.youtube.com/watch?v=hGT45V8OCRQ

http://www.theweatherspace.com/news/05-25-2010-Breaking-News-Martin-retracts-hoax-statement.html

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Produtores de soja denunciam práticas da Monsanto


Marco Aurélio Weissheimer

Não foi por falta de aviso. Quando os críticos da liberação desenfreada dos transgênicos alertaram que os produtores seriam escravizados pela Monsanto, foram estigmatizados – inclusive na mídia nativa – como “atrasados” e “inimigos da ciência”. Matéria de Mauro Zanatta, no Valor Econômico, relata que os produtores de soja ameaçam recorrer ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra o que consideram ser práticas de manipulação e imposição de regras pela Monsanto no mercado nacional de soja transgênica. Mais do que isso: os produtores estão articulando uma “frente de resistência global” contra a Monsanto em conjunto com produtores de soja da Argentina e dos Estados Unidos. Eles acusam a empresa de cobrança abusiva de royalties sobre as sementes de soja por meio da adoção de um adicional sobre a produtividade das lavouras.
“Se você produzir acima da média de 55 sacas por hectare, tem que pagar um adicional de 2%. Se misturar com convencional, também paga. Eles querem fazer papel de governo. Vamos ao Cade conversar sobre isso”, disse ao Valor Econômico o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira da Silva. A disputa entre produtores de soja e a Monsanto se agravou em 2009, quando a empresa elevou os preços cobrados pela tecnologia, passando de R$ 0,35 para R$ 0,44 por quilo de semente. Além disso, se for flagrado com transgênico em sua carga, o produtor tem que pagar uma multa por “uso não autorizado” de 2% sobre todo o valor da produção.

Os produtores também acusam a Monsanto de agir de forma ilegal ao impor restrições sobre a produção de soja convencional. “A Monsanto está fazendo o mercado. Ela obriga os sementeiros a produzir um mínimo de 85% de transgênicos e quem quer produzir convencional tem dificuldade para achar semente. Daqui a pouco, não teremos mais essa opção”, disse ainda Silveira, que cultiva 6 mil hectares de soja, girassol e eucalipto em Campos de Júlio (MT).

A Aprosoja Brasil também está questionando a validade da patente da tecnologia transgênica Roundup Ready no Brasil. “Quando acaba a patente deles?”, pergunta o presidente da entidade.

http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=c7be03f5d811ed29c328526ca8ab0d61&cod=5742

domingo, 23 de maio de 2010

Escassez de crédito na Europa


Jack Ewing
Judy Dempsey

A crise da dívida grega está se espalhando pela Europa e comprimindo o crédito, especialmente para as empresas de porte médio ou pequeno e para aquelas oriundas dos países percebidos como em risco, a exemplo de Portugal, Espanha e outras nações periféricas.

Para resumir, o crédito está mais escasso nos países que têm maior necessidade de crescimento econômico. De fato, para os governos como para as empresas, a crise vem expondo uma disparidade entre aqueles que têm e aqueles que não têm acesso ao crédito.

"Já não existe um custo de capital único para a zona do euro como um todo", afirmou Stephen King, economista chefe do HSBC, em nota de pesquisa na segunda-feira. "Parece que a nacionalidade começa a ter impacto crescente sobre os custos de captação. O mercado unificado é coisa do passado".

Os países favorecidos em termos de crédito abrigam empresas como a SAP, produtora alemã de software de gestão. A companhia emitiu em abril títulos de dívida no valor de 500 milhões de euros (US$ 610 milhões), com taxa de juros de 2,5%, que se compara favoravelmente à dos títulos do governo alemão, a referência do mercado europeu de dívida. O rendimento sobre os títulos federais alemães de 10 anos era de 2,836% na terça-feira.

Já os desfavorecidos incluem empresas como a Vostex, uma companhia familiar com 10 funcionários instalada em Peristeri, um subúrbio de Atenas.

"Os bancos estão segurando o dinheiro", disse Harry Vostantzoglou, presidente-executivo da empresa. Ele revelou que sua companhia não está no vermelho, e que antecipa que ela consiga sobreviver mesmo sem acesso aos bancos locais.

Ainda que a Vostex não tenha necessidade urgente de captação, disse Vostantzoglou, ele pode ter de retardar seus planos de expansão internacional, em larga medida porque seus principais clientes, na Grécia, estão reduzindo suas aquisições por falta de crédito.

Uma escassez ampla de crédito pode se traduzir em baixo investimento e criação de empregos. Caso a crise persista, seria muito mais difícil para países como Grécia, Portugal e Espanha colocar suas dívidas sob controle.

O índice de desemprego é superior a 10% na Grécia e Portugal, e a 19% na Espanha -o pior da Europa Ocidental.

Os bancos europeus, que ainda estão se recuperando da crise financeira, adotaram requisitos mais severos para conceder crédito ainda antes que o medo quanto à dívida soberana começasse a abalar os mercados, meses atrás.

Os empréstimos caíram em ritmo anualizado de mais de 2% no primeiro trimestre de 2010, de acordo com dados do Banco Central Europeu (BCE). Agora existem sinais de que a disponibilidade de crédito para as empresas pode se contrair, com bancos e investidores requerendo ágio mais alto por risco.

O quadro do crédito é especialmente assustador para empresas dos países altamente endividados, nos quais as taxas sobre os empréstimos de negócios tendem a refletir o ágio por risco que o governo nacional esteja pagando.

Os títulos do governo grego ofereciam taxa efetiva de juros de quase 8% na terça-feira, mesmo depois que a União Europeia prometeu quase US$ 1 trilhão em garantias na semana passada para os seus membros mais endividados. Além disso, os bancos gregos também foram seriamente prejudicados pela crise da dívida de seu governo e pela desaceleração econômica, o que dificulta a realização de empréstimos por eles.

A captação empresarial nos mercados de títulos também está em declínio. As novas emissões de títulos por empresas europeias despencaram em abril, para US$ 28,5 bilhões ante os US$ 58,3 bilhões de março, de acordo com dados da Dealogic. Este mês, as novas emissões totalizaram apenas US$ 5 bilhões até o momento.

"A crise da dívida grega levou os spreads de crédito a um alargamento e os custos de captação a uma alta, o que fez com que as empresas interessadas em emitir títulos adiassem sua captação até que surja uma melhora nas condições de mercado", afirmou Christine Li, economista da agência de classificação de crédito Moody''s para o mercado da Europa, em nota de pesquisa.

O mercado de títulos em determinados momentos parece especialmente atento às companhias dos países mais endividados. O custo de seguro de títulos emitidos pela Telefónica, a operadora de telecomunicações sediada em Madri, quase dobrou de abril ao começo de maio, ainda que dois terços da receita da companhia sejam auferidos fora da Espanha.

"A percepção é a de que, caso Madri enfrente problemas, a Telefónica também enfrenta", disse Karsten Rosenkilde, administrador sênior de títulos empresariais na DWS, a administradora de fundos do Deutsche Bank, em Frankfurt. "Os títulos empresariais do Mediterrâneo foram os primeiros a sofrer, e vêm enfrentando dificuldades reais de recuperação".

Isso pode não ser justo, mas os mercados de crédito muitas vezes funcionam dessa maneira. Em muitos casos, as agências de classificação de crédito seguem a prática de "limites nacionais" de crédito, sob a qual empresas privadas que tenham necessidade de captação não têm direito a uma classificação melhor que a de seu país de origem, de acordo com um estudo conduzido em 2006 por economistas do banco central dos Estados Unidos.

Depois de crises de dívida soberana ou moratórias, constatou esse estudo, o crédito tende a se tornar mais dispendioso para todas as empresas de um país, e a reação delas é reduzir sua captação. O que muda na atual crise de dívida soberana é que os ágios por risco continuam baixos nos países europeus que os investidores percebem como refúgios seguros.

A cervejaria holandesa Heineken, por exemplo, levantou US$ 725 milhões na semana passada junto a investidores institucionais, com juros de 4,5% e prazo de oito anos. A empresa sediada em Amsterdã então fez um swap da dívida por meio de papéis denominados em euros, a uma taxa de juros ainda mais baixa, 3,9%. O efeito do crédito mais apertado sobre a economia como um todo provavelmente será limitado, a princípio, ao menos entre as maiores empresas. No ano passado, muitas delas aproveitaram os juros baixos para conduzir captação.

As empresas menores dos países do Mediterrâneo, que dependem de bancos locais para seus empréstimos, foram mais prejudicadas pela compressão de crédito. Companhias da Europa Oriental, ainda em recuperação depois da severa desaceleração sofrida pela economia regional em 2008, também sofrer o efeito da aversão bancária a riscos.

"Os bancos são muito mais cautelosos agora", disse Thomas Laursen, gerente do Banco Mundial para a Polônia e os países bálticos. "As condições de financiamento ao setor privado são muito mais difíceis, e isso afetou os investimentos".

O BCE tentou manter o fluxo de crédito ao autorizar empréstimos a bancos com juros de 1%. Como caução, a instituição está aceitando títulos, até mesmo da dívida pública grega, o que permite aos bancos converter esses instrumentos danificados de dívida em dinheiro.

O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, costuma lembrar frequentemente aos bancos que sua expectativa é a de que emprestem o dinheiro obtido a baixo custo para empresas, a fim de fomentar o crescimento.

Por enquanto, porém, o quadro do crédito parece favorecer empresas da Alemanha, França e outros países, que ainda desfrutam da confiança dos investidores em títulos.

John Leahy, vice-presidente comercial da Airbus, a fabricante de aviões sediada em Toulouse, França, disse que o financiamento de novas entregas de aviões não foi afetado pelas flutuações do mercado, até o momento. "Por enquanto, tudo bem", disse. "Não estamos vendo problemas reais".

Rosenkilde previu que o mercado de títulos empresariais poderia se recuperar rapidamente caso os investidores se tornassem mais confiantes na capacidade da Europa para superar a crise da dívida soberana.

Até que isso aconteça, Tadeusz Nowicki, de Varsóvia, presidente da Ergis-Eurofilms, uma empresa de processamento de plásticos, diz que terá de segurar seus investimentos.Não importa que a Polônia seja uma das economias europeias de mais rápido crescimento ou que seu lucro tenha crescido em 70% no ano passado, para 17 milhões de zloty (US$ 5,1 milhões), mesmo em meio a uma recessão mundial.

Os bancos, diz Nowicki, "sabem do desempenho de nossa empresa, e que pagamos sempre em dia". Mas, diz, "estou sofrendo mesmo assim. Tenho três ou quatro projetos prontos e não posso implementá-los devido ao acesso limitado a crédito. Os bancos não querem emprestar".

Tradução: Paulo Migliacci ME
http://noticias.terra.com.br/interna/0,,OI4445807-EI8177,00.html

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Governo Lula e banqueiros brasileiros contribuem para a espoliação do povo grego


por Renato Nucci Junior [*]

O povo grego tem protagonizado, nas últimas semanas, uma luta heróica contra as medidas aprovadas a toque de caixa por seu parlamento, dirigido pelos social-democratas do PASOK, para receber ajuda financeira internacional que retire o país da crise. As exigências impostas pela União Européia e o FMI para que a Grécia tenha acesso ao pacote de "ajuda" da ordem de 110 mil milhões de euros são duríssimas e quem pagará a conta é o povo grego. Elas incluem a redução dos salários, corte nas aposentadorias, ataque aos serviços públicos, aumento dos impostos e a retirada de direitos sociais e trabalhistas.

Esse imenso volume de recursos servirá para que o governo grego faça frente ao pagamento de sua dívida, de mais de 270 mil milhões de euros, cerca de 115% do seu PIB. O dinheiro que se pretende emprestar à Grécia servirá para a mesma cumprir suas obrigações com os especuladores e credores de títulos de sua dívida pública, que levaram o país à falência. Em suma, sacrifica-se o povo grego, com um corte de 30 mil milhões de euros em seus gastos públicos até 2012, para que meia dúzia de ricaços tenham os seus lucros garantidos. É contra essa tentativa de fazê-los pagar pela crise que os trabalhadores gregos, com destacado papel dos comunistas, tem se mobilizado. Só nesse ano foram sete greves gerais com ampla adesão de massa.

O temor de que a crise grega se alastre e torne ainda mais demorada a recuperação econômica mundial, tem mobilizado os esforços das principais potências capitalistas. A União Européia aprovou um pacote de ajuda de 750 mil milhões de euros, o equivalente à metade do PIB brasileiro. O próprio FMI disponibilizará cerca de 250 mil milhões. Tudo em nome da manutenção de um modelo econômico cuja fatura, em termos de ajuste das contas públicas, implicará em novos ataques aos direitos dos trabalhadores em todo o mundo.

O Brasil também participa desse esforço mundial para conter a crise grega. O governo Lula anunciou na última sexta-feira, 7 de maio, que fará um aporte de 286 milhões de dólares ao FMI para ajudar a debelar a crise. Esse volume de recursos não representa sequer 1% do total de recursos do Fundo destinados à Grécia, de 30 mil milhões de euros. Trata-se de um aporte pequeno se comparado ao volume total. Porém, o que mais importa não é o tamanho da contribuição, mas o gesto em si.

O aporte ao FMI mais uma vez sinaliza o compromisso do governo Lula com a manutenção de um modelo econômico, baseado na lógica financista e especulativa. Motivado por essa lógica, a intenção do governo nesse aporte de recursos serve tanto para manter o bom funcionamento do capitalismo, como também salvar os interesses dos bancos privados brasileiros. Questionado se o Brasil teria títulos da dívida grega, o ministro da Fazenda, Guido Mantega declarou "que alguns bancos privados brasileiros podem ter esses papéis, mas em um percentual baixo" ( Folha de São Paulo, 08/05/2010).

Independente do percentual que os bancos brasileiros possuem de títulos da dívida grega, reafirmamos que o mais importante é o gesto em si. E novamente, com tal gesto, o governo Lula, como faz desde o seu primeiro mandato, não confronta os interesses dos banqueiros brasileiros, cujos lucros em 2009, mesmo com a crise econômica, foram de R$ 23 mil milhões, 26% a mais do que no ano anterior. Um lucro obtido na base de juros extorsivos, de taxas de serviços abusivas e de uma exploração brutal sobre os bancários. Como a espoliação do povo brasileiro não é suficiente para ampliar a acumulação de capital, os banqueiros tupiniquins alçam vôos maiores e se lançam ao mundo, explorando oportunidades abertas em outros países. Contam nessa empreitada com o apoio do governo Lula, cujo aporte de recursos ao FMI no caso da crise grega, destina-se a salvar os seus preciosos lucros. E como sempre ocorre, o recurso para esse aporte virá dos cofres públicos, mais uma vez usados para atender grandes interesses privados nacionais. É assim que os banqueiros brasileiros e o governo Lula, não satisfeitos em explorar o povo brasileiro, agora contribuem na espoliação do povo grego.


Maio/2010/Campinas.

[*] Do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Menina desenvolve dois novos rins


Uma menina de Louth (Inglaterra) deixou a comunidade médica de boca aberta. Angel Burton, que estava à beira da falência dos rins, conseguiu algo impensável: dois novos rins cresceram dentro dela.
Aos 5 anos, Angel foi submetida a uma cirurgia por causa das infecções renais que a acompanhavam desde o nascimento.Foi quando os médicos de um hospital de Sheffield descobriram que a menina tinha quatro órgãos - os dois novos rins estavam crescendo sobre os falidos.

Três anos após, os novos rins assumiram a função dos problemáticos e Angel foi declarada curada.

Para a família, não há dúvida: Angel, aos 8 anos, foi salva por um"milagre".
"É um milagre real. É absolutamente incrível que nenhum dos exames tenha detectado os rins extras. Estamos tão gratos por Angel voltar à felicidade e à saúde", disse Claire Burton, mãe da menina.

De acordo com os médicos, os rins duplex se fundiram nas suas metades e têm ureteres totalmente independentes.

http://www.dailymail.co.uk/health/article-1279060/Girl-grows-new-kidneys-old-ones-fail-thanks-million-genetic-quirk.html

quarta-feira, 19 de maio de 2010

FMI quadruplica seus lucros no exercício 2009-2010




O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou nesta quarta-feira ter multiplicado por quatro seus lucros, fora sua venda de ouro, durante seu exercício 2009-2010 (encerrado em abril). Trata-se de seu segundo exercício consecutivo com lucros.

Segundo resultados provisórios, a instituição registrou rendimentos operacionais líquidos de US$ 534 milhões, contra US$ 126 milhões no exercício anterior.

O FMI se viu favorecido pelo novo impulso de sua atividade de empréstimos, que se intensificou devido à crise econômica, pelos rendimentos provenientes de seus investimentos e pelas medidas de redução do gasto feito entre 2007 e 2009.

A venda lançada em outubro de 403,3 t de ouro, um oitavo de suas reservas, será incorporada aos resultados definitivos em junho. O FMI indicou que estas vendas supõem um lucro (em relação ao valor contábil de seu balanço) de US$ 5,1 bilhões.

"EU quero ver se os credores vão conseguir pagar esses empréstimos, é insustentável um sistema que cria riqueza do nada, ou através do trabalho escravo da maioria de miseráveis que vivem nessa ilusão tão real"

Um dia a carroça empina...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Palhaçada




A convocação do Dunga é uma mera distração pra outras palhaçadas que aguentamos todos os dias.
Arte e texto: André de Souza
http://mad.blogtv.uol.com.br/Default.aspx?p=2&ID_TAG=0&idBlog=128

Extraterrestres sequestraram a Voyager 2


Extraterrestres sequestraram uma nave espacial da Nasa e a estão usando para tentar entrar em contato com a terra, afirma um ufólogo alemão.

Hartwig Hausdorf, um acadêmico alemão, acredita que a razão pela qual a Voyager 2, uma sonda não tripulada que está no espaço desde 1977, está enviando mensagens estranhas que estão confundindo os cientistas, é porque ela foi tomada por extraterrestres.

Desde seu lançamento, a Voyager 2 envia fluxos de dados de volta à Terra para estudo por cientistas, mas em 22 abril de 2010 esse fluxo de informações de repente mudou.

A Nasa afirmou que a causa é um problema com o software do sistema de dados de voo, mas Hausdorf acredita que poderia ser o trabalho de extraterrestres.

Isto porque todas as outras partes da nave parecem estar funcionando muito bem. Ele disse ao jornal alemão Bild: "É quase como se alguém tivesse reprogramado ou sequestrado a sonda - por isso, talvez, nós ainda não saibamos de toda a verdade."

A Voyager 2 leva em sua parte externa um disco com saudações em 55 línguas, no caso da nave encontrar outras formas de vida.

O Dr. Edward Stone, cientista do projeto, disse que o chamado Disco de Ouro, é "uma espécie de cápsula do tempo, que se destina a comunicar a história do nosso mundo para os extraterrestres."


http://www.telegraph.co.uk/science/space/7722455/Aliens-hijack-Nasas-Voyager-2-spacecraft-claims-expert.html

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O império do consumo


O sistema fala em nome de todos, dirige a todos as suas ordens imperiosas de consumo, difunde entre todos a febre compradora; mas sem remédio: para quase todos esta aventura começa e termina no écran do televisor. A maioria, que se endivida para ter coisas, termina por ter nada mais que dívidas para pagar dívidas as quais geram novas dívidas, e acaba a consumir fantasias que por vezes materializa delinquindo.

Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efémera, que se esgota como se esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no mercado. Mas para que outro mundo vamos mudar-nos?

A explosão do consumo no mundo actual faz mais ruído do que todas as guerras e provoca mais alvoroço do que todos os carnavais. Como diz um velho provérbio turco: quem bebe por conta, emborracha-se o dobro. O carrossel aturde e confunde o olhar; esta grande bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço. Mas a cultura de consumo soa muito, tal como o tambor, porque está vazia. E na hora da verdade, quando o estrépito cessa e acaba a festa, o borracho acorda, só, acompanhado pela sua sombra e pelos pratos partidos que deve pagar. A expansão da procura choca com as fronteiras que lhe impõe o mesmo sistema que a gera. O sistema necessita de mercados cada vez mais abertos e mais amplos, como os pulmões necessitam o ar, e ao mesmo tempo necessitam que andem pelo chão, como acontece, os preços das matérias-primas e da força humana de trabalho.

O direito ao desperdício, privilégio de poucos, diz ser a liberdade de todos. Diz-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa dormir as flores, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores são submetidas a luz contínua, para que cresçam mais depressa. Nas fábricas de ovos, as galinhas também estão proibidas de ter a noite. E as pessoas estão condenadas à insónia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar. Este modo de vida não é muito bom para as pessoas, mas é muito bom para a indústria farmacêutica. Os EUA consomem a metade dos sedativos, ansiolíticos e demais drogas químicas que se vendem legalmente no mundo, e mais da metade das drogas proibidas que se vendem ilegalmente, o que não é pouca coisa se se considerar que os EUA têm apenas cinco por cento da população mundial.

"Gente infeliz os que vivem a comparar-se", lamenta uma mulher no bairro do Buceo, em Montevideo. A dor de já não ser, que outrora cantou o tango, abriu passagem à vergonha de não ter. Um homem pobre é um pobre homem. "Quando não tens nada, pensas que não vales nada", diz um rapaz no bairro Villa Fiorito, de Buenos Aires. E outro comprova, na cidade dominicana de San Francisco de Macorís: "Meus irmãos trabalham para as marcas. Vivem comprando etiquetas e vivem suando em bicas para pagar as prestações".

Invisível violência do mercado: a diversidade é inimiga da rentabilidade e a uniformidade manda. A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todo lado as suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz os seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.

O consumidor exemplar é o homem quieto. Esta civilização, que confunde a quantidade com a qualidade, confunde a gordura com a boa alimentação. Segundo a revista científica The Lancet, na última década a "obesidade severa" aumentou quase 30% entre a população jovem dos países mais desenvolvidos. Entre as crianças norte-americanas, a obesidade aumentou uns 40% nos últimos 16 anos, segundo a investigação recente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Colorado. O país que inventou as comidas e bebidas light, os diet food e os alimentos fat free tem a maior quantidade de gordos do mundo. O consumidor exemplar só sai do automóvel par trabalhar e para ver televisão. Sentado perante o pequeno écran, passa quatro horas diárias a devorar comida de plástico.

Triunfa o lixo disfarçado de comida: esta indústria está a conquistar os paladares do mundo e a deixar em farrapos as tradições da cozinha local. Os costumes do bom comer, que vêem de longe, têm, em alguns países, milhares de anos de refinamento e diversidade, são um património colectivo que de algum modo está nos fogões de todos e não só na mesa dos ricos. Essas tradições, esses sinais de identidade cultural, essas festas da vida, estão a ser espezinhadas, de modo fulminante, pela imposição do saber químico e único: a globalização do hamburguer, a ditadura do fast food. A plastificação da comida à escala mundial, obra da McDonald's, Burger King e outras fábricas, viola com êxito o direito à autodeterminação da cozinha: direito sagrado, porque na boca a alma tem uma das suas portas.

O campeonato mundial de futebol de 98 confirmou-nos, entre outras coisas, que o cartão MasterCard tonifica os músculos, que a Coca-Cola brinda eterna juventude e o menu do MacDonald's não pode faltar na barriga de um bom atleta. O imenso exército de McDonald's dispara hamburguers às bocas das crianças e dos adultos no planeta inteiro. O arco duplo desse M serviu de estandarte durante a recente conquista dos países do Leste da Europa. As filas diante do McDonald's de Moscovo, inaugurado em 1990 com fanfarras, simbolizaram a vitória do ocidente com tanta eloquência quanto o desmoronamento do Muro de Berlim.

Um sinal dos tempos: esta empresa, que encarna as virtudes do mundo livre, nega aos seus empregados a liberdade de filiar-se a qualquer sindicato. A McDonald's viola, assim, um direito legalmente consagrado nos muitos países onde opera. Em 1997, alguns trabalhadores, membros disso que a empresa chama a Macfamília, tentaram sindicalizar-se num restaurante de Montreal, no Canadá: o restaurante fechou. Mas no 98, outros empregados da McDonald's, numa pequena cidade próxima a Vancouver, alcançaram essa conquista, digna do Livro Guinness.

As massas consumidoras recebem ordens num idioma universal: a publicidade conseguiu o que o esperanto quis e não pôde. Qualquer um entende, em qualquer lugar, as mensagens que o televisor transmite. No último quarto de século, os gastos em publicidade duplicaram no mundo. Graças a ela, as crianças pobres tomam cada vez mis Coca-Cola e cada vez menos leite, e o tempo de lazer vai-se tornando tempo de consumo obrigatório. Tempo livre, tempo prisioneiro: as casas muito pobres não têm cama, mas têm televisor e o televisor tem a palavra. Comprados a prazo, esse animalejo prova a vocação democrática do progresso: não escuta ninguém, mas fala para todos. Pobres e ricos conhecem, assim, as virtudes dos automóveis último modelo, e pobres e ricos inteiram-se das vantajosas taxas de juro que este ou aquele banco oferece. Os peritos sabem converter as mercadorias em conjuntos mágicos contra a solidão. As coisas têm atributos humanos: acariciam, acompanham, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o automóvel é o amigo que nunca falha. A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados. As angústias enchem-se atulhando-se de coisas, ou sonhando fazê-lo. E as coisas não só podem abraçar: elas também podem ser símbolos de ascensão social, salvo-condutos para atravessar as alfândegas da sociedade de classes, chaves que abrem as portas proibidas. Quanto mais exclusivas, melhor: as coisas te escolhem e te salvam do anonimato multitudinário. A publicidade não informa acerca do produto que vende, ou raras vezes o faz. Isso é o que menos importa. A sua função primordial consiste em compensar frustrações e alimentar fantasias: Em quem o senhor quer converter-se comprando esta loção de fazer a barba? O criminólogo Anthony Platt observou que os delitos da rua não são apenas fruto da pobreza extrema. Também são fruto da ética individualista. A obsessão social do êxito, diz Platt, incide decisivamente sobre a apropriação ilegal das coisas. Sempre ouvi dizer que o dinheiro não produz a felicidade, mas qualquer espectador pobre de TV tem motivos de sobra para acreditar que o dinheiro produz algo tão parecido que a diferença é assunto para especialistas.

Segundo o historiador Eric Hobsbawm, o século XX pôs fim a sete mil anos de vida humana centrada na agricultura desde que apareceram as primeiras culturas, em fins do paleolítico. A população mundial urbaniza-se, os camponeses fazem-se cidadãos. Na América Latina temos campos sem ninguém e enormes formigueiros urbanos: as maiores cidades do mundo e as mais injustas. Expulsos pela agricultura moderna de exportação, e pela erosão das suas terras, os camponeses invadem os subúrbios. Eles acreditam que Deus está em toda parte, mas por experiência sabem que atende nas grandes urbes. As cidades prometem trabalho, prosperidade, um futuro para os filhos. Nos campos, os que esperam vêem passar a vida e morrem a bocejar; nas cidades, a vida ocorre, e chama. Apinhados em tugúrios, a primeira coisa que descobrem os recém chegados é que o trabalho falta e os braços sobram. Enquanto nascia o século XIV, frei Giordano da Rivalto pronunciou em Florença um elogio das cidades. Disse que as cidades cresciam "porque as pessoas têm o gosto de juntar-se". Juntar-se, encontrar-se. Agora, quem se encontra com quem? Encontra-se a esperança com a realidade? O desejo encontra-se com o mundo? E as pessoas encontram-se com as pessoas? Se as relações humanas foram reduzidas a relações entre coisas, quanta gente se encontra com as coisas? O mundo inteiro tende a converter-se num grande écran de televisão, onde as coisas se olham mas não se tocam. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos. As estações de auto-carros e de comboios, que até há pouco eram espaços de encontro entre pessoas, estão agora a converter-se em espaços de exibição comercial.

O shopping center, ou shopping mall, vitrina de todas as vitrinas, impõe a sua presença avassaladora. As multidões acorrem, em peregrinação, a este templo maior das missas do consumo. A maioria dos devotos contempla, em êxtase, as coisas que os seus bolsos não podem pagar, enquanto a minoria compradora submete-se ao bombardeio da oferta incessante e extenuante. A multidão, que sobe e baixa pelas escadas mecânicas, viaja pelo mundo: os manequins vestem como em Milão ou Paris e as máquinas soam como em Chicago, e para ver e ouvir não é preciso pagar bilhete. Os turistas vindos das povoações do interior, ou das cidades que ainda não mereceram estas bênçãos da felicidade moderna, posam para a foto, junto às marcas internacionais mais famosas, como antes posavam junto à estátua do grande homem na praça. Beatriz Solano observou que os habitantes dos bairros suburbanos vão ao center, ao shopping center, como antes iam ao centro. O tradicional passeio do fim de semana no centro da cidade tende a ser substituído pela excursão a estes centros urbanos. Lavados, passados e penteados, vestidos com as suas melhores roupas, os visitantes vêm a uma festa onde não são convidados, mas podem ser observadores. Famílias inteiras empreendem a viagem na cápsula espacial que percorre o universo do consumo, onde a estética do mercado desenhou uma paisagem alucinante de modelos, marcas e etiquetas. A cultura do consumo, cultura do efémero, condena tudo ao desuso mediático. Tudo muda ao ritmo vertiginoso da moda, posta ao serviço da necessidade vender. As coisas envelhecem num piscar de olhos, para serem substituídas por outras coisas de vida fugaz. Hoje a única coisa que permanece é a insegurança, as mercadorias, fabricadas para não durar, resultam ser voláteis como o capital que as financia e o trabalho que as gera. O dinheiro voa à velocidade da luz: ontem estava ali, hoje está aqui, amanhã, quem sabe, e todo trabalhador é um desempregado em potencial. Paradoxalmente, os shopping centers, reinos do fugaz, oferecem com o máximo êxito a ilusão da segurança. Eles resistem fora do tempo, sem idade e sem raiz, sem noite e sem dia e sem memória, e existem fora do espaço, para além das turbulências da perigosa realidade do mundo.

Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efémera, que se esgota como esgotam, pouco depois de nascer, as imagens que dispara a metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no mercado. Mas a que outro mundo vamos nos mudar? Estamos todos obrigados a acreditar no conto de que Deus vendeu o planeta a umas quantas empresas, porque estando de mau humor decidiu privatizar o universo? A sociedade de consumo é uma armadilha caça-bobos. Os que têm a alavanca simulam ignorá-lo, mas qualquer um que tenha olhos na cara pode ver que a grande maioria das pessoas consome pouco, pouquinho e nada, necessariamente, para garantir a existência da pouca natureza que nos resta. A injustiça social não é um erro a corrigir, nem um defeito a superar: é uma necessidade essencial. Não há natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta.


10/Maio/2010
O original encontra-se em www.resumenlatinoamericano.org , nº 2199

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

domingo, 16 de maio de 2010

86% das pessoas acreditam em extraterrestres


Extraterrestres: seres bons ou prejudiciais à Terra?

Uma pesquisa sobre Ovnis realizada em uma revista americana constatou que 86% das pessoas acreditavam em extraterrestres; mas será que podemos crer na vida fora da Terra, o que seria crucial não só para a ciência, mas para a sobrevivência da espécie humana?

Stephen Hawking, o físico ateu mais respeitado da atualidade disse que acreditar em vida fora da Terra é perfeitamente racional, porém os seres humanos deveriam evitar qualquer tipo de contato, pois os alienígenas estariam apenas interessados em adquirir conhecimento e até mesmo dispostos a roubar nossos recursos naturais. Explicou que o maior desafio não é saber se existem ou não, mas como seria a aparência deles. E mais: "Se os alienígenas nos visitassem, as consequencias seriam semelhantes ao que aconteceu quando Cristóvão Colombo desembarcou na América, algo que não acabou bem para os nativos".

Desde 1940, algumas pessoas começaram a relatar visões que pareciam ser "embarcações" provenientes de outros planetas. Alguns ufólogos investigaram e concluíram que essas naves eram tripuladas por seres inteligentes de civilizações extraterrestres avançadas. O astronauta Gordon Cooper, em agosto de 1965, a bordo do Gemini 5, viu um objeto cilíndrico perto da nave e em 1969, o mesmo Cooper e Neil Armstrong declararam ter avistado objetos não identificados. Seu colega de missão, Al Worden, disse: "acho que podemos ser uma combinação de criaturas que viveram em alguma época do passado e receberam a visita de seres de alguma outra região do universo. Essas duas espécies se uniram e tiveram descendência".

Existem suposições de que os alienígenas podem mudar de forma e de tamanho; isso poderia ser um indicativo de que não são provenientes de outros sistemas estelares, mas sim, de outras dimensões. Por isso justificaria o fato de não fazerem um contato formal, mas através da materialização holográfica, enviando imagens quadridimensionais, ou seja, uma projeção a distância como uma realidade subjetiva e não objetiva. Desde a década de 80, os radares do DAC no Brasil identificam pontos luminosos com possibilidade de serem de contatos alienígenas.

O mais intrigante é o fato de que alguns extraterrestres se mostrarem como seres humanóides, respirando nosso ar e não demonstrarem medo em contrair algum vírus, além de se adaptarem bem à gravidade da Terra. Além disso, quem os viu, revela que mostram emoções reconhecíveis em seus rostos, além de entendem nossa língua. Por isso fica a pergunta no ar: seriam estes visitantes bons ou maus?

Monica Buonfiglio
Especial para Terra http://vidaeestilo.terra.com.br/esoterico/interna/0,,OI4429913-EI14324,00-Extraterrestres+seres+bons+ou+prejudiciais+a+Terra.html

sexta-feira, 14 de maio de 2010

"A Terra está brava com o homem branco"


"A Terra está brava com o homem branco", diz líder yanomami Davi Kopenawa

Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Davi Kopenawa Com sábio carisma, xamã é "Dalai Lama da Floresta Tropical". Seu povo trava em Roraima batalha de vida ou morte contra garimpeiros e destruição ambiental. Deutsche Welle o entrevistou em Munique na estreia de "Amazonas".

Imagine abrir a porta e 20 estranhos lhe entrarem casa adentro, ocupando todos os cômodos, esgotando seus mantimentos, envenenando o ambiente, provocando doenças, agredindo, intimidando, deixando-o sitiado num quarto dos fundos, incapaz de sair para cuidar da própria subsistência. Por quanto tempo tal situação seria suportável?

Projetado em proporções genocidas, é isso o que vem acontecendo com os índios yanomami nas últimas décadas. Segundo o antropólogo francês Bruce Albert, entre 1987 e 1990 havia no território deles, em Roraima, 40 mil garimpeiros, ou seja, cinco a seis vezes o total da população indígena. Além dos mortos em confrontos violentos, um quinto dos yanomami sucumbiu ao impacto ambiental do garimpo e às doenças do homem branco.

Após anos de arrefecimento da invasão, a alta do metal nos mercados vem provocando uma nova corrida do ouro, e, com ela, mais doenças, saques, prostituição, violência sexual, aids e outras doenças. A presença do Exército, ao invés de impor ordem, exacerba a situação.

Devido a sua sabedoria e carisma suave, o xamã Davi Kopenawa é apelidado "Dalai Lama da Floresta Tropical". Ele é o principal "parceiro contemporâneo" indígena convidado a participar da elaboração do teatro-música Amazonas, produzido pela Bienal de Munique, ZKM de Karlsruhe e Instituto Goethe, entre outros. A esperança dos envolvidos no projeto que durou quatro anos é, através das apresentações em diversas cidades da Europa e do Brasil, sensibilizar para a problemática do povo nativo ameaçado de extinção.

A Deutsche Welle conversou com o líder indígena em Munique, na presença de Bruce Albert. Nesta transcrição da conversa tentou-se, dentro do possível, preservar o estilo peculiar e muitas vezes poético de Kopenawa se expressar.

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Delegação yanomami no ZKM de Karlsruhe. Kopenawa é o 2º da esq. para a dir.
Deutsche Welle: O que achou de Amazonas Teatro música em três partes?

Davi Kopenawa: Eu achei bom. Eu lembrei o que acontece com a nossa aldeia, nas comunidades. Mas eu achei bom ser aqui. Não é só para mim, é para todo mundo que estava ali. Eu vi um Xawara [espírito da epidemia, na mitologia yanomami e personagem da obra], imitando como os brancos chegam à nossa aldeia e falam, prometem material machado, rede, calção, panela , para derrubar a força do índio. Mas eu achei um pouco esquisito, do jeito como os brancos vêm fazendo há muitos anos.

Achei bom que os meus filhos estão comigo aqui, o Dário e o Ênio, para eles também verem como o Xawara contamina a nossa comunidade, a nossa saúde. Eles nunca viram assim, nunca sofreram assim. É parecido com o que mostraram para nós. E prepararam a ópera para mostrar para o povo europeu. É para chamar a atenção do homem da cidade que faz mal à terra, que destrói a natureza. Então, foi bom.

Tem esperança que essa obra de teatro-música ajude a causa do seu povo?

Eu espero um pouco. Não é muito. A ópera Amazonas está fazendo o homem respeitar. Estão chamando a atenção para o homem da cidade escutar. A ópera está avisando para não continuar a destruir a natureza, para não continuar o desmatamento. Porque a Amazônia é única. É a única floresta tropical que existe no mundo. Ela não tem outro irmão, não tem para onde correr.

Nós estamos assim no perigo. Nós lutadores estamos mostrando para o homem viciado, que não pensa. Ele pensa muito diferente. Pensa noutra coisa, pensamento louco. Nós, eu não preciso tirar muita coisa. Eu preciso da terra. A terra é um ser humano. Não pode se destruir, não se pode vender, não se pode trocar. Porque não tem dinheiro para trocar. Não tem dinheiro que pague.

Você está vindo pela segunda vez à Alemanha. O que acha desta terra? Em que ela é diferente do Brasil, da Amazônia?

Para mim, é diferente. Para mim, não é bom. Você se acostuma a viver diferente. Para vocês, na cidade, na Alemanha, do jeito que vocês escolheram, é bom para vocês. Mas para mim, como sou liderança tradicional que nunca vi, nunca sonhei com a cidade cheia de luz, cheia de pedra, cheia de carro , eu acho muito triste. Porque não tem nada. Não tem nada que nasceu na terra, pássaros, animais, araras, as árvores tradicionais, não tem nada. Tudo é desmatado. Rio de Janeiro e São Paulo, ali é Brasil, mas é a mesma coisa, essa mesma doença que foi daqui para invadir o nosso Brasil. A mesma coisa de destruição.

Por que os garimpeiros estão levando tanto mal para os yanomami?

Os homens da cidade, garimpeiros, são doentes, carregam doença no corpo. E o garimpeiro não é uma pessoa rica não. Os garimpeiros que buscam ouro nas terras indígenas, eles são mandados pelos patrões, pelos empresários. Ele é uma doença que busca riqueza para os homens que compram ouro, os donos de avião, eles é que são ricos.

O homem brasileiro que compra ouro também não é rico, eles mandam para outro país, negociando, quem fica rico é a pessoa que compra, na China, nos Estados Unidos, para cá. Esse ouro não vai ficar lá: a riqueza do meu país a sua riqueza também, você nasceu lá, a riqueza que você deixou lá.

O homem garimpeiro não tem nada, casa boa, terreno bom. Ele sempre fica sofrendo e morrendo, pegando malária, morrendo no mato. Assim que é a vida no garimpo. Para mim, garimpeiro significa bicho. Conhece porco do mato? Que fica fuçando assim, fazendo sujeira; bando de porcos que fica fazendo buraco, procurando? Eles são assim. Eu não vou dizer que eles são civilizados: eles são perdidos, não têm rumo certo, um lugar certo para viver, para trabalhar, plantar, sustentar filho. Só fazem maldade para os outros, para o meu povo indígena do Brasil.

É essa doença que foi daqui, atravessando o mar, chegou lá, primeiro na sua terra que não é a sua terra, é a minha terra: o Rio de Janeiro é um terreno meu. Onde você nasceu, era o meu povo. Meu povo não estava preparado para se defender, não sabia falar português, não sabia reclamar.

Os indígenas pensaram que o homem é bom, dá farinha, arroz, comida, calção. É o costume dos homens para os índios ficarem calados. Eles continuam fazendo assim. Mas eu não quero que continue. Porque o governo federal, o mundo inteiro já sabe que nós temos luta e conseguimos apoio internacional para poder despejar o garimpo que estava na nossa terra.

Bildunterschrift: Vista da aldeia Watoriki, em Roraima
E as erupções vulcânicas recentes, os terremotos pelo mundo afora? Há quem pense que a Terra está querendo cuspir a humanidade para fora.

[Risos] Eu acredito que a Terra está brava com o homem branco. Porque o homem da cidade, ele não quer deixar em paz, não quer deixar viver, como ele viveu. O homem da cidade gosta de pensar em tirar aquilo que vale para ele. É muito grande a ganância dele. O jogo dos políticos é muito antigo. Nós, indígenas, falamos com o governo federal e também com o governo daqui da Europa, falamos da invasão da nossa terra. Mas eles não escutam porque eles precisam tirar mais mercadorias, tirar e negociar com outro país.

O governo brasileiro está lá tirando madeira, tirando ouro, tirando pedra. Ele vai negociar para cá para a Europa. Aqui também tem culpa do governo. Então os filhos de vocês têm que pressionar para eles pensarem alguma coisa.

Não é só culpa do governo brasileiro. É culpa do governo geral. Nós, lutadores, estamos sempre sacudindo a cabeça deles para eles pararem de pensar em usar a nossa terra indígena. É por isso que a Terra está brava, está zangada. Porque eles estão tirando parte dela, e ela não gosta.

Então, ela não está cuspindo, mas está dando uma mensagem para vocês acreditarem no que nós, índios, estamos falando para vocês. É lembrar que a terra não é morta: a terra é viva. A terra tem um dono, o homem que não gosta de destruir. É por isso que ela está dando uma mensagem e tem cada vez mais terremotos. E vai ter mais ainda! Então, o nosso filho vai começar a pensar, começar a lutar junto com a gente. Acho que a nossa luta é assim.

Bildunterschrift: Cena da ópera 'Amazonas'
Por que o homem branco é tão diferente do yanomami? Nós não somos todos seres humanos?

[Risos] Nós somos todos seres humanos, mas o pensamento é diferente, o costume é diferente. Porque o meu povo indígena do Brasil é de lá, mas foi invadido, contaminado, levado à doença. Os políticos chegaram lá e atacaram a nossa vida com a natureza. Foi daqui, é o mesmo costume, não tem diferença não.

Será possível ensinar ao branco aquilo que ele esqueceu e que os yanomami ainda sabem? Você tem alguma esperança?

Isso aí é difícil, curar a cabeça do homem, não tem remédio que cure. Faz tempo que ele vem fazendo um estrago tão grande que é difícil tentar curar, para nós indígenas, que lutamos para defender a nossa terra, a nossa natureza.

Acho que está muito longe, muito longe de a gente se entender. Eles são viciados, eles são doentes. Nós, que queremos lutar para defender, para tentar mudar a cabeça deles, nós somos poucos. E eles são muitos: o governo europeu, dos Estados Unidos, do Japão, do Brasil, eles são aliados, eles têm poder. Para nós enfrentarmos eles, isso aí é um pouco difícil.

Então o nosso filho e o filho de vocês têm que conversar muito, falar muito, para pensar em mudar. Para frear, porque estão acelerando muito. E para eles tentarem parar de tirar mercadoria, que faz eles desmatar. Desmatamento, tirar minério, tirar petróleo, tirar gás. É muito duro mudar isso aí. Mas vamos tentar, vamos experimentar. Mais isso aí eu não vou dizer que é esperança. É muito longe ainda.

Homem branco não é forte. Homem branco é forte com dinheiro, com armas pesadas, com bomba atômica, com avião, com carro. Ele não é forte. Nós somos fracos. Nós somos assim, como tu e como eu. Então, sentimos a mesma coisa. Quem é mais forte? A terra, a pedra, exato? E nós é que temos que respeitar.

Temos que pensar como vamos parar de mexer, temos que pensar na preservação da natureza. O que vocês falam, o que vocês estão vendo, o que o mundo inteiro fala, que está preocupado com a mudança climática. Está mudando o clima, está mudando bastante, porque a poluição está crescendo e o pulmão da terra, o pulmão da floresta está adoecendo, está ferido. É por isso que está cada vez mais perigoso.

Mas tem homens como o Bruce [Albert], o Joachim [Bernauer, diretor do Instituto Goethe em Lisboa], que são brancos também, mas estão do lado dos yanomami. Eles são diferentes desses outros brancos?

[Risos] Vocês são nape [branco, em yanomami], né? Tem o nape bom, o nape que pensa, pensamento honesto, gosta da terra, gosta do lugar, beleza. Beleza é o paraíso, né? Mas os outros homens não pensam, só pensam em destruir, acabar com o que é bom. Por isso tem poucos [bons], que estão aqui. O Bruce é francês, mas ele não é "politicado".

E o Joachim, ele não é político, ligado, não, ele é de longe. E você também. Vocês estão trabalhando para ajudar a gente a divulgar, para os outros saberem o que está acontecendo. Então, eu não vou dizer que o homem branco não presta. Tem homem branco bom. Tem o yanomami, também que não presta. Não é todo muito ruim: é metade bom, metade ruim.

Entrevista: Augusto Valente
Revisão: Roselaine Wandscheer
Agradecimento philokiko

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A crise económica global. A Grande Depressão do século XXI


O texto que se segue é o prefácio de The Global Economic Crisis. The Great Depression of the XXI Century, de Michel Chossudovsky e Andrew Gavin Marshall (Editores), Montreal, Global Research, 2010, 416 pgs., ISBN 978-0-9737147-3-9, a ser lançado no fim de Maio.

Em todas as regiões do mundo a recessão económica está profundamente enraizada, resultando no desemprego em massa, no colapso de programas sociais do Estado e no empobrecimento de milhões de pessoas. A crise económica é acompanhada por um processo de militarização à escala mundial, uma "guerra sem fronteiras" liderada pelos Estados Unidos da América e seus aliados da NATO. O comportamento do Pentágono na "longa guerra" está intimamente relacionado com a reestruturação da economia global.

Estamos a tratar de uma crise ou recessão económica definida de modo estreito. A arquitectura das finanças globais sustenta objectivos estratégicos e de segurança nacional. Por sua vez, a agenda militar EUA-NATO serve para endossar uma poderosa elite dos negócios a qual implacavelmente eclipsa e mina as funções do governo civil.

O livro conduz o leitor através dos corredores do Federal Reserve e do Council on Foreign Relations, por trás das portas fechadas do Bank for International Settlements, dentro de luxuosos gabinetes de conselho de administração na Wall Street onde transacções financeiras de extremo alcance são rotineiramente efectuadas a partir de terminais de computador ligados aos principais mercados de acções, ao toque de um botão de rato.

Cada um dos autores aqui reunidos escava por trás da superfície dourada para revelar uma complexa teia de enganos e distorções dos media, os quais servem para esconder os trabalhos do sistema económico global e os seus impactos devastadores sobre as vidas das pessoas. A nossa análise centra-se no papel de poderosos actores económicos e políticos num ambiente forjado pela corrupção, pela manipulação financeira e pela fraude.

Apesar da diversidade de pontos de vista e de perspectivas apresentados neste volume, todos os colaboradores acabam por chegar à mesma conclusão: a humanidade está na encruzilhada da mais grave crise económica e social da história moderna.

O colapso dos mercados financeiros em 2008-2009 foi o resultado da fraude institucionalizada e da manipulação financeira. Os "salvamentos bancários" foram implementados com base nas instruções da Wall Street, levando à maior transferência de riqueza monetária da história registada, enquanto simultaneamente criava uma dívida pública inultrapassável.

Com a deterioração à escala mundial de padrões de vida e o afundamento dos gastos de consumo, toda a estrutura do comércio internacional de mercadorias está potencialmente em risco. O sistema de pagamentos de transacções em dinheiro está caótico. Em consequência do colapso do emprego, o pagamento de salários é rompido, o que por sua vez dispara uma queda nas despesas com bens e serviços de consumo necessários. Este mergulho dramático no poder de compra faz ricochete no sistema produtivo, resultando numa cadeia de despedimentos, encerramentos de fábricas e bancarrotas. Exacerbado pelo congelamento do crédito, o declínio na procura do consumidor contribui para a desmobilização de recursos materiais e humanos.

Este processo de declínio económico é cumulativo. Todas as categorias da força de trabalho são afectadas. Pagamentos de salários já não são mais cumpridos, o crédito é interrompido e os investimentos de capital estão paralisados. Enquanto isso, em países ocidentais, a "rede de segurança social" herdada do estado previdência, a qual protege os desempregados durante uma retracção económica, está também em perigo.

O mito da recuperação económica

A existência de uma "Grande Depressão" na escala da da década de 1930, se bem que muitas vezes reconhecida, é obscurecida por um consenso inflexível: "A economia está a caminho da recuperação".

Apesar de haver conversas acerca de uma renovação económica, comentadores da Wall Street persistentemente e intencionalmente têm deixado de lado o facto de que o colapso financeiro não é simplesmente composto por uma bolha – a bolha imobiliária da habitação – que já explodiu. De facto, a crise tem muitas bolhas, todas as quais superam a explodida bolha habitacional de 2008.

Embora não haja desacordo fundamental entre os analistas da corrente dominante acerca da ocorrência de uma recuperação económica, há debates tempestuosos sobre quando ocorrerá, se no próximo trimestre ou no terceiro trimestre do próximo ano, etc. Já no princípio de 2010, a "recuperação" da economia dos EUA fora prevista e confirmada através de uma barragem de desinformação dos media com palavras cuidadosamente escolhidas. Enquanto isso, os problemas sociais do desemprego agravado na América foram escrupulosamente camuflados. Economistas viram a bancarrota como um fenómeno microeconómico.

As informações dos media acerca de bancarrotas, ainda que revelando realidades a nível local que afectam uma ou mais fábricas, não apresentam um quadro geral do que está a acontecer aos níveis nacional de internacional. Quando todos estes encerramentos simultâneos de fábricas em cidades por toda a terra são somados, emerge um quadro muito diferente: sectores inteiros de uma economia nacional estão a fechar.

A opinião pública continua a ser enganada quanto às causas e consequências da crise económica, para não mencionar as soluções políticas. As pessoas são levadas a acreditar que a economia tem uma lógica por si própria a qual depende da livre inter-actuação de forças de mercado e que os poderosos actores financeiros, os quais puxam os cordéis nos gabinetes das administrações corporativas, não poderiam, sob quaisquer circunstâncias, ter deliberadamente influenciado o curso dos acontecimentos económicos.

A implacável e fraudulenta apropriação de riqueza é sustentada como uma parte integral do "sonho americano", como um meio de difundir os benefícios do crescimento económico. Como foi dito por Michael Hudson, arraiga-se o mito de "sem riqueza no topo, nada haveria para gotejar para baixo". Tal lógica enviesada do ciclo de negócios ofusca o entendimento das origens estruturais e históricos da crise económica global.

Fraude financeira

A desinformação dos media serve em grande medida os interesses de um punhado de bancos globais e especuladores institucionais, os quais utilizam o seu comando sobre mercados financeiros e de commodities para acumularem vastas quantias de riqueza monetária. Os corredores do Estado são controlados pelo establishment corporativo, incluindo os especuladores. Enquanto isso, os "salvamentos bancários", apresentados ao público como um requisito para a recuperação económica, facilitaram e legitimaram um processo ulterior de apropriação de riqueza.

Vastas quantias de riqueza monetárias são adquiridas através da manipulação do mercado. Mencionada muitas vezes como "desregulamentação", o aparelho financeiro desenvolveu instrumentos refinados de manipulação e engano sem rodeios. Com informação interna e conhecimento antecipado, os principais actores financeiros, utilizando os instrumentos do comércio especulativo, têm a capacidade para manipular e burlar os movimentos do mercado em seu proveito, precipitar o colapso de um competidor e arruinar economias de países em desenvolvimento. Estas ferramentas de manipulação tornaram-se uma parte integral da arquitectura financeira; elas estão incorporadas no sistema.

O fracasso da teoria económica dominante

A profissão das Ciências Económicas, particularmente nas universidades, raramente trata do funcionamento de mercados no "mundo real". Construções teóricas centradas em modelos matemáticos servem para representar um mundo abstracto e ficcional no qual os indivíduos são iguais. Não há distinção teórica entre trabalhadores, consumidores ou corporações, todos eles referidos como "actores individuais". Nenhum indivíduo isolado tem o poder ou a capacidade para influenciar o mercado; nem pode haver qualquer conflito entre trabalhadores e capitalistas dentro deste mundo abstracto.

Ao deixar de examinar a interacção de actores económicos poderosos na economia da "vida real", os processos de falsificação do mercado, a manipulação financeira e a fraude são ignorados. A concentração e centralização da tomada de decisão económica, o papel das elites financeiras, os thinks tanks económicos, os gabinetes dos conselhos de administração das corporações: nada destas questões é examinada nos programas de ciências económicas das universidades. A construção teórica é disfuncional; ela não pode ser utilizada para o entendimento da crise económica.

A ciência económica é uma construção (construct) ideológica que serve para camuflar e justificar a Nova Ordem Mundial. Um conjunto de postulados dogmáticos serve para preservar o capitalismo de livre mercado pela negação da existência da desigualdade social e a natureza orientada para o lucro do sistema é negada. O papel de actores económicos poderosos e como estes actores são capazes de influenciar o funcionamento dos mercados financeiros e de commodities não é um assunto que preocupe os teóricos da disciplina. Os poderes de manipulação de mercado que servem para a apropriação de vastas quantias de riqueza monetária raramente são tratados. E quando são reconhecidos, considera-se que pertencem ao âmbito da sociologia ou da ciência política.

Isto significa que a estrutura política e institucional por trás deste sistema económico global, a qual foi moldada no decorrer dos últimos trinta anos, raramente é analisada pelos economistas da corrente principal. Segue-se que a teoria económica como disciplina, com algumas excepções, não proporcionou a análise necessária para compreender a crise económica. De facto, os seus principais postulados do livre mercado negam a existência de uma crise. O foco da teoria económica neoclássica está no equilíbrio, desequilíbrio e "correcção de mercado" ou "ajustamento" através do mecanismo de mercado, como meio de colocar a economia outra vez "dentro do caminho do crescimento auto-sustentado".

Pobreza e desigualdade social

A política económica global é um sistema que enriquece muito pouco a expensas da grande maioria. A crise económica global contribuiu para ampliar desigualdades sociais tanto dentro como entre países. Sob o capitalismo global, a pobreza que aumenta cada vez mais não é o resultado de uma escassez ou de uma falta de recursos humanos e materiais. Exactamente o oposto é que é verdadeiro: a depressão económica é marcada por um processo de desligamento de recursos humanos e de capital físico. Vidas de pessoas são destruídas. A crise económica está profundamente enraizada.

As estruturas de desigualdade social foram, de modo muito deliberado, reforçadas, levando não só a um processo generalizado de empobrecimento como também ao fim dos grupos de rendimento médios e acima da média.

O consumismo da classe média, sobre o qual este modelo desregrado de desenvolvimento capitalista está baseado, também está ameaçado. As bancarrotas atingiram vários dos sectores mais activos da economia do consumidor. As classes médias no ocidente foram, durante várias décadas, sujeitas à erosão da sua riqueza material. Se bem que a classe média exista em teoria, é uma classe construída e sustentada pala dívida das famílias..

Os ricos, ao invés da classe média, estão rapidamente a tornar-se a classe consumidora, levando ao crescimento inexorável do crescimento da economia de bens de luxo. Além disso, com a secagem dos mercados de bens manufacturados para a classe média, verificou-se uma mutação central e decisiva na estrutura do crescimento económico. Com o fim da economia civil, o desenvolvimento da economia de guerra da América, suportado por um colossal orçamento de defesa de quase um milhão de milhões de dólares, atingiu novas alturas. Quando os mercados de acções despencam e a recessão se desdobra, as industrias de armas avançadas, os militares e empreiteiros da segurança nacional e as prósperas companhias de mercenários (entre outras) têm experimentado uma expansão e um crescimento estrondoso das suas várias actividades.

Guerra e crise económica

A guerra está inextricavelmente ligada ao empobrecimento do povo, internamente e por todo o mundo. A militarização e a crise económica estão intimamente relacionadas. O fornecimento de bens e serviços essenciais para atender necessidades humanas básicas foi substituído por uma "máquina de matar" orientada para o lucro a apoiar a "Guerra global ao terror" da América. Os pobres são feitos para combater os pobres. Mas a guerra enriquece a classe superior, a qual controla a indústria, os militares, o petróleo e a banca. Numa economia de guerra, a morte é um bom negócio, a pobreza é boa para a sociedade e o poder é bom para os políticos. Os países ocidentais, particularmente os Estados Unidos, gastam centenas de milhares de milhões de dólares por ano para assassinar pessoas inocentes em distantes países empobrecidos, enquanto internamente o povo sofre as disparidades de pobreza, classe, género e racial.

Uma "guerra económica" total que resulta em desemprego, pobreza e doença é executada através do mercado livre. Vidas de povos estão numa queda livre e o seu poder de compra é destruído. Num sentido muito real, os últimos vinte anos de economia global de "livre mercado" terminaram, através da pobreza e da exclusão social, com as vidas de milhões de pessoas.

Ao invés de tratar de impedir a catástrofe social, os governos ocidentais, que servem os interesses das elites económicas, instalaram uma polícia de Estado "Big Brother", com mandato para confrontar e reprimir todas as formas de oposição e discordância social.

A crise económica e social não atingiu de forma alguma o seu clímax e todos os países, incluindo a Grécia e a Islândia, estão em risco. Basta apenas olhar para a escalada da guerra no Médio Oriente e Ásia Central e para as ameaças dos EUA-NATO à China, Rússia e Irão para testemunhar como a guerra e a economia estão intimamente relacionados.

A nossa análise neste livro

Os colaboradores deste livro revelam as complicações da banca global e o seu insidioso relacionamento com o complexo militar industrial e os conglomerados petrolíferos. O livro apresenta uma abordagem inter-disciplinar e multi-facetada, dando também um entendimento das dimensões históricas e institucionais. As relações complexas da crise económica com a guerra, o império e a pobreza mundial são destacadas. Esta crise tem um alcance verdadeiramente global e repercussões que se reflectem por todos os países, em todas as sociedades.

Na Parte I, as causas gerais da crise económica global bem como os fracassos das teorias económicas dominantes são evidenciados. Michel Chossudovsky foca a história da desregulamentação financeira e da especulação. Tanya Cariina Hsu analisa o papel do Império Americano e o seu relacionamento com a crise económica. John Bellamy Foster e Fred Magdoff asseguram uma revisão abrangente da política económica da crise, explicando o papel central da política monetária. James Petras e Claudia von Werlhof apresentam uma revisão pormenorizada e crítica do neoliberalismo, centrando-se sobre as repercussões económicas, políticas e sociais das reformas do "livre mercado". Shamus Cooke examina o papel central da dívida, tanto pública como privada.

A Parte II, que inclui capítulos de Michel Chossudovsky e Peter Philips, analisa a maré ascendente de pobreza e desigualdade social resultante da Grande Depressão.

Com contribuições de Michel Chossudovsky, Peter Dale Scott, Michael Hudson, Bill Van Auken, Tom Burghardt e Andrew Gavin Marshall, a Parte III examine o relacionamento entre crise económica, Segurança Nacional, a guerra conduzida pelos EUA-NATO e o governo mundial. Neste contexto, como descrito por Peter Dale Scott, a crise económica cria condições sociais que favorecem a instauração da lei marcial.

O foco da Parte IV é o sistema monetário global, sua evolução e seu papel cambiante. Andrew Gavin Marshall examina a história da banca central bem como várias iniciativas para criar sistemas de divisas regionais e global. Ellen Brown foca a criação de um banco central global e de uma divisa global através do Bank for International Settlements (BIS). Richard C. Cook examina o sistema monetário baseado na dívida como um sistema de controle e apresenta linhas mestras para democratizar o sistema monetário.

A Parte V foca o funcionamento do Sistema Bancário Sombra, o qual disparou o colapso de 2008 dos mercados financeiros. Os capítulos de Mike Whitney e Ellen Brown descrevem em pormenor como o esquema de Ponzi da Wall Street foi utilizado para manipular o mercado transferir milhares de milhões de dólares para os bolsos dos banksters.

Estamos em dívida para com os autores pela sua investigação cuidadosamente documentada, análise incisiva e, acima de tudo, pelo compromisso inquebrantável para com a verdade: Tom Burghardt, Ellen Brown, Richard C. Cook, Shamus Cooke, John Bellamy Foster, Michael Hudson, Tanya Cariina Hsu, Fred Magdoff, James Petras, Peter Phillips, Peter Dale Scott, Mike Whitney, Bill Van Auken e Claudia von Werlhof apresentaram, com absoluta clareza, um entendimento dos diversos e complexos processos económicos, sociais e políticos que estão a afectar as vidas de milhões de pessoas por todo o mundo.

Temos uma dívida de gratidão para com Maja Romano da Global Research Publishers, incansavelmente supervisionou e coordenou a edição e produção deste livro, incluindo a ideia criativa da capa. Desejamos agradecer a Andréa Joseph pela cuidadosa fotocomposição do manuscrito e dos gráficos da capa. Também estendemos nossos agradecimentos e apreciação a Isabelle Goulet, Julie Lévesque e Drew McKevitt pelo seu apoio na revisão e correcção do manuscrito.


08/Maio/2010

[*] Michel Chossudovsky: autor premiado, Professor (Emérito) de Teoria Económica na Universidade de Ottawa e Director do Centre for Research on Globalization (CRG), Montreal. É o autor de The Globalization of Poverty and The New World Order (2003) e de America's “War on Terrorism” (2005). É também colaborador da Enciclopédia Britânica. Seus escritos foram publicados em mais de vinte línguas.

[**] Andrew Gavin Marshall: escritor independente sobre estruturas contemporâneas do capitalismo e sobre a história da política económica global. É investigador associado do Centre for Research on Globalization (CRG).

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=19025Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

O Papa em Portugal


Acreditar foi o pai que ensinou, em letras grandes, - sito de cor - é uma frase publicitária escolhida para divulgar a chegada do Papa a Portugal. Um imberbe em pose de imberbe faz de figurante. De imediato alguma coisa me arrepiou: a hipocrisia parecia sorrir por detrás do cartaz, oculta mas tão evidente que me repugnou.

A minha vida religiosa acabou na minha primeira comunhão. Depois das aulas de catequese em que nos contavam parábolas sem apelo à compreensão – por pressão da minha mãe que nos pediu para aprender primeiro e escolher depois – fiquei sobretudo impressionado com a ideia de deglutir o corpo de Cristo simbolizado na hóstia. Não posso dizer que me preparei bem – aquilo de ter que me confessar de “maldades” quotidianas era um bocado estúpido – mas lá que me emocionei com a entrada da

hóstia no meu corpo, emocionei. Enregelei rapidamente quando notei que os adultos que me enquadravam nem reparavam no que eu sentia nem eles próprios sentiam – aparentemente – nada.

A partir daí deixei de me referir à religião. É como se não existisse. Por isso, para mim, vir o Papa é o mesmo que ir ou nunca por cá ter passado ou jamais ter existido. Claro que estou consciente das consequências da sua existência, mas no meu íntimo algo bloqueou a tal respeito.

Numa ocasião em que o Papa é conotado, com razão ou sem ela, com o nazismo e o abuso sexual de crianças, a frase publicitária que o acompanha aparece-me como uma provocação. Ou até uma confissão. A racionalidade da Fé cristã, que também existe como potencialidade, é completamente eliminada desta frase, centrada na obediência patriarcal. O Pai, o meu pai e o padre, como se fossem uma santíssima trindade, aparecem aglomerados num PAI no meio de uma frase escrita em letras grandes. O Führer e o abusador sexual (pai ou padre) não deixam de poder estar incluídos no conceito, por antagonismo à mãe, à minha mãe – que foi quem me recomendou a Fé católica – e a todas as mulheres, sedentas de Paz. Porque são elas, crianças, jovens ou velhas, as maiores vítimas da guerra e da violência, dos Imperadores e dos patriarcalistas.

ACED

Prof. Dr. António Pedro Dores
http://port.pravda.ru/sociedade/incidentes/07-05-2010/29528-papa_portugal-0

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Deputado russo questiona se líder local contou segredos a alienígenas


Um parlamentar da Duma (Câmara dos Deputados) pediu que o presidente da Rússia, Dimitri Medvedev, investigue se Kirsan Ilyumzhinov, líder da república russa de Kalmíkia, revelou segredos de estado para alienígenas com que ele afirma ter encontrado em 1997, segundo a imprensa local.

Ilyumzhinov, de 48 anos, é um líder político extravagante e cujo mandato em frente à pequena república budista termina em outubro. Cabe a Medvedev decidir se ele terá direito a novo mandato de cinco anos.

Em 26 de abril, ele disse em um programa de TV que, em 18 de setembro de 1997, passou várias horas em companhia de alienígenas depois de ter recebido uma visita deles em seu apartamento no centro de Moscou.
Ele disse que estava dormindo quando ouviu um chamado vindo da varanda. Quando chegou lá, viu uma nave espacial, na qual entrou e onde, segundo ele, havia criaturas humanoides com trajes espaciais amarelos.

O político afirmou que conversou com os supostos extraterrestres por meio de uma forma de telepatia. Depois, eles mostraram a ele a nave espacial e saíram para um passeio.

Ele só foi devolvido à sua casa na manhã seguinte.

Andrei Lebedev, do comitê de Segurança da Duma, disse que mandou a Medvedev um pedido para averiguar se Ilyumzhinov teria revelado dados cruciais aos "visitantes".

A asssessoria de imprensa do Kremlin se recusou a comentar o caso.

Fonte:http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/05/deputado-russo-questiona-se-lider-local-contou-segredos-alienigenas.html